quarta-feira, 18 de abril de 2007
Peleguismo como arte
Uma pergunta feita ontem por um grupo de estudantes do primário de uma das escolas que não teve aula ontem por causa dos pelegos do Sinteac me levou a escrever este texto. Eles me perguntaram o verdadeiro significado de pelego. De forma clara e objetivo respondi, mas aproveito o espaço para falar mais sobre o ponto de vista histórico e filosófico. Pelego é um termo depreciativo utilizado no jargão do movimento sindical para se referir aos líderes ou representantes de um sindicato que em vez de lutar pelo interesse dos trabalhadores, defende secretamente os interesses do empregador, ainda que tal atitude seja descoberta, cedo ou tarde. A palavra tem como origem o pelego utilizado pelos cavaleiros gaúchos. Trata-se de um pedaço de lã de carneiro, colocado sobre a sela e preso por uma tira de couro chamada barrigueira, para que não escorregue. Sua função é amaciar o assento do arreio de lida com o gado.
Essa postura intermediária, por analogia, passou àquele que deveria representar os trabalhadores, mas os amacia, para que estes não lutem por seus interesses. Trata-se de ofensa muito grave no contexto sindical, utilizada pelo menos desde os anos 40. Os dirigentes pelegos transformam o sindicato em um órgão essencialmente assistencial e recreativo, evitando que sirva de canal para reivindicações de melhores salários e condições de trabalho. Em muitos casos, os pelegos mantêm sindicatos chamados "de fachada" ou "de carimbo", entidades sem existência real que vivem do imposto sindical obrigatório recolhido de cada trabalhador, sindicalizado ou não. Muitas vezes, a designação pelego é atribuída aos dirigentes das federações e confederações sindicais, que têm acesso direto Ministério do Trabalho e vivem à sua sombra.
No Acre, os sindicatos, com raríssimas exceções, serviram, ao longo de muitos anos, de trampolim político e de caixa dois para campanhas de candidatos a vereador e deputado estadual. Até cargos majoritários também foram beneficiados. Por algum tempo, os sindicatos também atuaram como agentes de desmoralização de governadores, prefeitos e outros políticos. Evidente que não podemos admitir que alguém utilize sindicatos para banir essa ou aquela autoridade, mas ainda é perdoável, afinal, ao adotar linha dura em relação ao poder público, os lideres sindicais estão, ao mesmo tempo, lutando em prol da categoria. Mas faz oito anos que a peleguismo se instalou de vez em vários sindicatos, sobretudo no Sinteac, que é o maior do Acre e tem um orçamento gordo. Filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Sinteac adota a mesma postura da central sindical que se depravou tanto que seu presidente, o pelegão Luiz Marinho, virou ministro do governo Lula.
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