terça-feira, 12 de maio de 2009
Vereadores da capital assinam pacto pela infância
Câmara cria Frente Municipal Parlamentar da Criança e do Adolescente
Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado (Sintesac) decidiram
ontem manter a assembléia geral amanhã, a partir das 8h, em frente à Assembléia
Legislativa. O governo tentou evitar o ato público ao confirmar para
hoje a negociação com a categoria, conforme cronograma estabelecido pela
equipe de articulação política. O presidente do Sintesac, Antonio Daniel,
afirma que a assembléia já estava marcada antes de ser divulgada a data para
negociação, por isso foi mantida. O Sintesac apresenta as novidades quanto
à negociação para que a categoria possa avaliar. Não está descartada a
paralisação. Entre as reivindicações a serem discutidas está a data base dos
trabalhadores, a criação do quadro técnico e adicional de insalubridade
retirada com a implantação do regime jurídico único, em 1993.
Antonio Muniz
Sessão solene realizada on
tem na Câmara de Rio Bran
co discutiu, com profundidade
a exploração sexual contra
crianças e adolescente, um assunto
que vem provocando desgastes
às autoridades no Brasil e em
vários países da América latina.
O evento contou com a presença
de várias autoridades judiciais e
representantes de órgãos de defesa
dos direitos da criança e do
adolescente.
A líder do PC do B, vereadora
Ariane Cadaxo, autora do requerimento
que originou a sessão,
lembrou que a câmara inicia
uma série de debates no Acre
sobre o Dia Nacional de Combate
ao Abuso e à Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes,
celebrado em 18 de maio.
Durante seu discurso na tribuna
da Casa, a vereadora lem-
Vereadores e outras autoridades debatem sobre pedofilia e exploração sexual
brou que a pedofilia é um assunto
polêmico e complexo.
"É polêmico porque gera discussão
e complexo por se tratar
de um tipo de crime que
acontece no interior dos lares e
é cometido por quem deveria
proteger", enfatiza. A parlamentar
ressaltou que se trata de um
período propício para se fazer
uma avaliação do panorama da
situação e dos avanços obtidos
por meio das políticas de proteção
das crianças.
Segundo Ariane, vale ressaltar
que a proteção da infância é
de responsabilidade dos pais, dos
familiares, da escola, dos vizinhos
e de toda a sociedade. Todos, segundo
Ariane, são responsáveis.
A vereadora diz ainda que enquanto
essa consciência não for
coletiva, o futuro das nossas crianças
estará em risco. Ariane se
diz contente com as manifestações
de alguns setores que têm
se levantado contra esse tipo de
crime, que ele considera como
repugnante e covarde.
A CPI criada e instalada no
Congresso Nacional e um grupo
que também se levanta na Assembléia
Legislativa do Acre, segundo
a vereadora comunista, nos
traz uma esperança de que esses
crimes serão tratados com mais
rigor pela sociedade e de que caminhamos
para o fim da impunidade
que predomina na maioria
dos casos.
Mais de 300
denúncias de
abusos em 2008
Dados fornecidos pelo Conselho Tutelar,
apontando que em 2008 a entidade
recebeu 338 denúncias de violência sexual
contra menores e, que, desse total, 34
foram praticados por pessoas de dentro
do convívio familiar, envolvendo o pai ou
o padrasto. Somente este ano já foram
registrados aproximadamente 30 casos.
A estimativa é que o número seja
bem maior, já que muitos casos deixam
de ser denunciados por medo ou insegurança
das vítimas. As centenas de crianças
são vítimas todo dia do abuso e da
exploração sexual em Rio Branco e nos
demais municípios acreanos. Muitas
delas são obrigadas a deixar suas casas,
a escola e as brincadeiras.
Ariane Cadaxo fez questão de destacar
que diante da situação, as vítimas
passam a acumular o sentimento de rejeição,
o medo e a insegurança, entre
outros danos físicos e psicológicos irreversíveis.
Sabemos que a pedofilia não
respeita idade. Muitas crianças, segundo
ela, sofrem abusos aos dois ou três
anos de idade. "É bom que fique claro
que nós aqui não respeitamos pedófilos,
não importando se este é famoso ou poderoso".
O presidente da mesa diretora,
vereador Jessé Santiago
(PSB), abriu espaço na tribuna
para a jovem Adjayna Santos.
Ela se apresentou aos parlamentares
e autoridades presentes
e declarou ter sofrido
abuso sexual por parte do próprio
pai no período dos sete
aos 14 anos de idade.
Adjayna Santos falou das
agruras a que estão expostas
as crianças vítimas desse tipo
de crime e chorou ao lembrar
do último encontro que teve
com o pai há pouco tempo.
"Encontrei-o na rua, não faz
muito tempo, e ele me disse:
não disse a você que a justiça
não iria me manter preso por
muito tempo?". Nesse caso o
criminoso ficou preso por apenas
três meses.
Proteção - A promotora da
Infância e Juventude do Ministério
Público Estadual (MPE),
Kátia Rejane, afirmou que a
data de 18 de maio deve inspirar
a sociedade a se mobilizar
no exercício do seu papel constitucional,
no que diz respeito
à sua responsabilidade em garantir
que a criança cresça livre de
qualquer tipo de violência.
O juiz do Tribunal de Justiça
do Acre, Luiz Vitório Camolez,
lembrou que o que falta no país
é o cumprimento, na íntegra, do
Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA). "Os abusos devem
ser combatidos. Aqui no Acre
será criada uma Vara específica
para a tender a criança que foi
vítima, ou seja, vamos ter uma
unidade judiciária para tratar especificamente
do assunto",
anunciou.
Parlamentares da Esperança -
Engrossando a corrente nacional
em favor da infância a Câmara
de Rio Branco instituiu ontem a
Frente Parlamentar Municipal da
Criança e do Adolescente, cujo
pacto de compromisso foi assinado
por todos os vereadores. No
Congresso, nas assembléias e em
algumas câmaras esse compromisso
foi selado com a busca pela
aprovação de pelo menos um
projeto de lei em cada Casa até o
dia 18 de maio.
O presidente da Câmara, Jessé
Santiago, afirma que a Casa
já deixou claro que vai continuar
lutando contra a pedofilia
e a exploração sexual. Ele
lembrou que as leis aprovadas
no âmbito do município de Rio
Branco, uma vez postas em
prática, vão melhorar a qualidade
de vida.
Jessé destacou a lei que institui
a Semana de Combate a
Exploração e Abuso Sexual das
Crianças e Adolescente. Também
citou a lei que estabeleceu
a divulgação do Disque
100 nacional nos coletivos de
Rio Branco, ambas de autoria
da vereadora Ariane Cadaxo.
Em 2007, Ariane apresentou
projeto de lei que prorrogação
a licença maternidade
de quatro para seis meses
para as funcionárias públicas
do município. O trabalho, na
opinião dos demais vereadores,
representa um avanço
importante em relação ao
compromisso de fazer cumprir
o princípio constitucional
da prioridade absoluta
para a infância.
Depoimento de vítima de abuso
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