quarta-feira, 18 de abril de 2007

O juiz que vendeu voto Em outubro de 2004, o juiz eleitoral de Macapá (AP), Romeo Araújo, se disfarçou de mendigo para flagrar uma candidata a vereadora que estava praticando compra de votos durante as eleições. O episódio só foi divulgado alguns dias depois, quando o Tribunal Regional Eleitoral do Amapá cassou o registro de Cleuma Duarte, a vereadora mais votada da capital. De acordo com as informações, Araújo recebeu a denúncia de que Cleuma, mulher do deputado estadual Edinho Duarte, estava pagando R$ 30,00 por cada voto. No dia da eleição, a eleitora Ana Lúcia Tavares levou o juiz disfarçado de mendigo ao comitê da candidata. Ana Lúcia apresentou o mendigo ao sobrinho da candidata, Herisson Duarte. Sem saber de quem se tratava, Duarte prometeu o pagamento de R$ 10 antecipados, e de mais R$ 20 se ele votasse em Cleuma e dissesse como ela aparecia na foto na urna. Duarte ainda pediu que o mendigo assinasse o recibo no valor de R$ 30. O juiz assinou e depois deu voz de prisão ao homem. Os advogados de Cleuma recorreram da decisão para que ela fosse diplomada, mas não teve jeito. O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá manteve a decisão do juiz.O presidente da Câmara de Macapá, vereador Leury Farias, deu posse ao médico Dílson Ferreira. Os advogados de Cleuma entraram com recurso contra a decisão, justificando falha de procedimento pelo fato do acórdão não ter sido publicado. O TRE manteve a cassação, negando o efeito suspensivo. A vereadora recorreu da decisão do TRE junto ao TSE, mas de imediato perdeu o diploma. No Acre, sobretudo em Rio Branco, a compra de voto foi tão escancarada que qualquer cidadão poderia colher as provas do crime. Basta dizer que muitos líderes comunitários foram aliciados e recrutados por apoiadores de vários candidatos. No início do processo, a compra de voto era feita na calada da noite, mas na reta final da disputa, os compradores agiram nas escolas, nos barzinhos, botecos, mercearias, sorveterias, pizzarias, campos de futebol e até no Terminal Urbano. Houve candidato que adotou a mesma fórmula das igrejas em células. A célula começava com apenas 10 pessoas, uma semana depois estava em 100, alguns dias depois já eram mil e logo o número chegava aos 10 mil.

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