domingo, 15 de abril de 2007

Perdidos no meio do caminho

Um deputado governista aborda, aos berros, o presidente de um partido que era de esquerda e abandonou a turma que se julga puritana. A provocação, claro, causou o maior frisson. Olhando para o dirigente, o deputado afirma: “Como é que você deixa o campo da esquerda para fazer aliança com a direita?”. O dirigente, que também é parlamentar, não deixa por menos e retruca em cima da buxa: “Faço aliança com quem quero, menos com ladrão”. Nesse momento, os risos e aplausos do público presente chamaram a atenção de todos. Evidente que o chamado bate-boca não mereceria registro, não fosse pelo fato de que revela a cegueira que turva a visão de parcela do corpo parlamentar do País. Nos últimos anos,muitacoisa moudou. O Muro de Berlim caiu, as duas Alemanhas se unificaram e conceitos de esquerda e direita perderam o sentido clássico. Sobranceiros representantes do povo brasileiro, porém, continuam a enxergar na careca de Lenin o farol da consciência. E, pior, não se dão conta de que é extemporâneo falar em esquerda quando ondas tsunâmicas de corrupção devastam sua praia, afogando mensaleiros e sanguessugas, nivelando partidos por baixo e acabando com o resto da esperança do povo brasileiro. Do diálogo ríspido entre os dois parlamentares, indagações e ilações podem ser extraídas, entre elas a questão central suscitada na interpelação: onde está e para onde vai a esquerda no Brasil? É um verbete que funciona como graxa para limpar perfis corroídos. Tem perdido charme. Não incorpora mais o escopo do socialismo marxista, inspirado na brilhante análise do velho Karl Marx sobre a formação do capitalismo e a previsão de sua catastrófica evolução. Driblando situações e esbarrando em contradições, a esquerda se perdeu e substitui o socialismo revolucionário, com seu corolário maniqueísta do bem contra o mal pelo terreno fofo de uma “socialização humanizada”.A “violência como parteira da História”, dogma apregoado por Engels e que se firmou na segunda metade do século 19, até que tentou fazer escola entre nós, nos idos de 1960, mas foi repelida pela ditadura militar. A redemocratização do País abriu espaço para vastas áreas no canto esquerdo do arco ideológico. Elaborava-se um novo projeto para acomodar as estacas do alquebrado socialismo revolucionário e os tijolos do liberalismo político e econômico. Nem Estado mínimo nem Estado máximo, mas um ente de tamanho adequado. A essa composição se agregaram expressões como “capitalismo de face humana” e “socialismo de feição liberal”, tentativa de convergir eficiência econômica com bem-estar social. Enquete Professor Edinei Muniz, um dos articulistas de O RIO BRANCO, lançou enquete em seu blog: com relação à exploração de petróleo no Juruá, qual sua opinião? Resultado O resultado parcial da enquete é o seguinte: 35.29% são contra. 35.29% não têm nada contra; 23.52% dizem que é bobagem dos políticos e 5.88% Não entendem do assunto. Debate O debate principal na Câmara ontem foi o Fundo Nacional de Financiamento da Educação Básica (Fundeb), que substitui o Fundo Nacional de Financiamento do Ensino Fundamental (Fundef). Proposta A proposta foi apresentada ainda no mês passado pelo líder do prefeito na Câmara, vereador-professor Márcio Batista (PC do B). Autoridades da educação pública e dirigentes sindicais estiveram presentes. Café da manhã A Hamd, nova administradora de cartões corporativos do Acre entrega hoje, em café da manhã na sede da Associação Comercial do Acre (Acisa), os cartões Hamd – Araújo. O diretor administrativo da Hamd no Acre é o empresário Rubenir Guerra. Presepada Essa greve anunciada pelo Sinteac não passa de uma presepada. Os líderes do movimento são os mesmos que erguiam as bandeiras dos partidos da Frente Popular nas últimas eleições. São pelegos, nada mais. Respeito Os professores merecem mais respeito por parte do Sinteac. A categoria deveria ter conquistado a isonomia salarial há muito tempo. Não conquistou porque a diretoria é pelega ao extremo. PoliticagemEssa greve tem por objetivo promover algum pelego, uma vez que haverá eleição nos próximos dias no Sinteac. Muitos membros da diretoria defendem os trabalhadores, mas tem alguns pelegos. Visitas Visitaram ontem a redação de O RIO BRANCO o presidente regional do PSDB, ex-prefeito de Acrelândia Tião Bocalom; o ex-presidente municipal do PPS, professor José Mastrangelo; o deputado federal Fernando Melo (PT-AC) e o advogado Mauri Diniz e o articulista Clovis Mesquita Junior.

Antonio Muniz